domingo, 11 de outubro de 2009


Clima: Expedição portuguesa chega hoje ao Árctico



Dois cientistas portugueses chegam hoje à vila esquimó de Umiujaq, no Árctico Canadiano, para conhecer melhor de que forma as alterações climáticas estão a transformar o ambiente polar. João Canário e Marta Nogueira, investigadores do Instituto Nacional de Recursos Biológicos (INRB - IPIMAR), vão juntar-se a outros dois investigadores canadianos e regressar ao Árctico, onde ficarão até dia 22."No ano passado estivemos em Kuujjuarapik, no Norte do Quebeque, a recolher dados numa situação de Inverno. Agora queremos ver o que acontece numa situação de Primavera e degelo", explicou João Canário ao PÚBLICO, antes da partida.A campanha, liderada pelo canadiano Laurier Poissant, vai recolher amostras de neve, gelo, água e sedimentos. O objectivo é tentar perceber o que acontece aos poluentes acumulados no permafrost (solo permanentemente gelado) quando as temperaturas sobem e este começa parcialmente a derreter, formando lagos temporários com grandes concentrações de carbono e metano. "Queremos saber o que acontece com a fusão do gelo e da neve, que tendem a acumular poluentes. Estes poderão dispersar-se, infiltrar-se na água e entrar na cadeia alimentar", contou João Canário. Ou ainda acabar por concentrar-se na atmosfera e agravar as alterações climáticas.Os actuais modelos sobre aquecimento global ainda não levam em conta a emissão dos gases com efeito de estufa da fusão do permafrost. "Trata-se de carbono que foi depositado nas camadas superiores (zero a um centímetro) há cerca de, pelo menos, 400 anos, e que agora está a ser libertado para a atmosfera", escreveram os investigadores aquando da missão anterior ao Ártico, em Abril de 2008.Em Umiujaq vivem cerca de 300 pessoas. As casas foram construídas em cima do permafrost, que está a abater com a subida da temperatura. "As pessoas estão preocupadas por que o seu estilo de vida está a mudar. São pescadores ou caçadores. Não há condições para a agricultura. O que está a acontecer é que os animais de que dependem estão a escolher outras rotas", por causa do degelo.


Fonte: Público online 11/o5/2009